7 juízes que são exemplos de superação

Vida de concurseiro não é nada fácil. É preciso de vocação, um pouco de sorte, e, principalmente, determinação. Superar-se a cada dia, muitas vezes às custas de muito sacrifício, pode garantir um lugar ao sol.

São milhares de pessoas que, ano a ano, superam obstáculos familiares, pessoais e financeiros e conquistam seu sonho. Algumas com maior esforço ainda, pois vencem barreiras e preconceitos impostos pela vida.

O Justificando separou as sete melhores histórias dessas pessoas que nos servem de inspiração.

Confira:

1-Edilson Enedino
Ex flanelinha e vendedor de bananas

O Juiz do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, Edilson Enedino das Chagas, começou a trabalhar com 8 anos de idade vendendo banana para ajudar sua mãe. Desde então, ele já foi vendedor de picolés, flanelinha, jornaleiro, ajudante de obras e faxineiro.

Nascido em 1970, o atual magistrado era filho de um tratorista e uma dona de casa. Ele, os pais e mais quatro irmãos dividiam um cômodo que conseguiram comprar através de um programa habitacional.

Quando tinha quase dois anos de idade, seu pai morreu e deixou a família que se virou com um salário mínimo por mês para sobreviver. Sem dinheiro para comer, eles dependiam de doações do governo para conseguirem se alimentar.

Era preciso ajudar buscar o sustento e, aos oito anos, Edilson começou fazer sua parte vendendo bananas. Aos nove, passa a vender picolés e, aos dez, torna-se jornaleiro. Aos doze anos vai trabalhar como flanelinha e, aos catorze, como auxiliar gráfico.

Em 1991 ele foi aprovado como faxineiro de uma empresa terceirizada que prestava serviços para o Tribunal Superior do Trabalho. Com a aproximação com o direito, Chargas prestou vestibular em uma universidade particular e foi aprovado.

Depois de formado, ele passou três meses, sem parar de trabalhar, dedicando-se à preparação para a prova. Eram 900 inscritos para 38 vagas e, mesmo Chargas não parando suas outras funções, conseguiu ser aprovado em 1º lugar.

Depois de assumir a vaga, passou a dar aulas e concluiu seu mestrado. Atualmente, ele cursa seu doutorado e sonha com uma vaga no Supremo Tribunal Federal.

2-Theodomiro Romeiro dos Santos
Metalúrgico condenado à morte na ditadura

Ex-militante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário e, em 1970, foi capturado pelos militares. Na tentativa de fulga, atirou e acabou matando um sargento da Aeronáutica.

Com apenas 18 anos, ele foi condenado à pena de morte, com base na Lei de Segurança Nacional, sendo o primeiro brasileiro a receber esse tipo de sentença desde a proclamação da república.

A última execução do tipo havia sido registrada em 1876. Atualmente, a pena capital ainda é prevista na Constituição brasileira, mas somente para crimes militares cometidos em tempos de guerra.

Com forte manifestação contra a medida, a pena se converteu em prisão perpétua e, posteriormente, a 16 anos de cadeia. Em 1979 ele conseguiu fugir e foi se exilar na França, onde trabalhou como metalúrgico e pintor de parede.

De volta ao Brasil, fez concurso público para juiz de trabalho e tomou posse em 1993. Chegou a presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho e aposentou-se em 2012 – por decisão da Comissão da Anistia, os nove anos que passou preso foram contabilizados como tempo de serviço para fins previdenciários. Santos nunca pediu indenização pelo tempo em que passou na prisão e pela tortura que sofreu.

3-Delaíde Alves Miranda Arantes
Ex-doméstica

Hoje, Ministra do Tribunal Superior do Trabalho, mas não foi sempre sua profissão.

Provavelmente poucos imaginavam esse futuro na menina que morava em Pontalina (GO) e ajudava, junto com seus nove irmãos, os pais na plantação de arroz, feijão e milho. Na zona urbana, Delaíde trabalhou como empregada doméstica e aproveitava seu tempo livre para poder estudar.

Após concluir os estudos, a mãe de Delaíde conseguiu um emprego de recepcionista quando conseguiu ajudar sua filha cursar contabilidade.

Durante o curso, ela trabalhou como doméstica sem receber salário, só em troca de moradia. Após trabalhar em um escritório de advocacia e em uma revendedora de tratores, ela conseguiu dinheiro para dividir casa com uma prima e assim, com 23 anos, iniciar seus estudos em uma universidade particular de direito.

Delaíde advogou por mais de 30 anos e foi indicada para o cargo no TST pela Ordem dos Advogados do Brasil no começo de 2011. Desde então, ela já julgou mais de 26 mil processos. Outros 13 mil estão para análise – a meta é atender a pelo menos mil por mês.

Segundo a ministra, as vivências que teve na juventude a ajudam a ter uma “sensibilidade maior” durante as audiências.

4-Reinaldo Moura de Souza
Motorista do Tribunal de Justiça

Reinaldo Moura de Souza é natural de Boquim (SE), a 80 quilômetros de Aracaju, onde vivia com seus pais e seis irmãos. Quando tinha 22 anos resolveu levar seu tio de carro para São Paulo.

Chegando na capital, ficou encantado e resolveu ficar mais uma semana para prestar concurso como motorista no Tribunal de Justiça de São Paulo.

Aprovado, ele voltou a terra natal para pedir sua namorada em casamento e se mudar de vez para a capital. Depois de atuar por seis meses como motorista, Reinaldo decidiu que iria atuar na área de direito e prestou vestibular em uma faculdade particular.

Enquanto esperava no carro os magistrados, ele aproveitava para estudar e se preparar para os concursos que tanto sonhava. No final da faculdade, prestou concurso para Oficial de Justiça e foi aprovado.

Depois de estudar muito, Reinaldo foi aprovado para a vaga de juiz e ficou em 36º entre as 86 vagas. Depois que tomou posse, Reinaldo ainda pagou as 24 parcelas da faculdade que parcelou quando ainda era estudante.

5-Alessandra Baldini
Miss Distrito Federal

Aos 17 anos, entrou na faculdade de direito e depois de um tempo trancou para dedicar-se a vida de modelo na Ásia. Diferente dos outros integrantes da lista, Baldini vem de família abastada com condições de arcar com seus estudos.

No entanto, o currículo para carreira jurídica começou a ser uma questão quando se candidatou e tornou Miss Distrito Federal em 2011.

Embora seu nome tenha sempre sido distanciado do saber, em razão do julgamento pela aparência, Alessandra voltou à vida jurídica e batalhou até passar em seis concursos diferentes em 2015, optando pelo cargo de juíza no Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

6-Antônia Marina Faleiros
Ex-cortadora de cana

É moradora da cidade de Itabuna onde atua como juiza, mas passou sua infância no interior de Minas Gerais, em uma pequena cidade chamada Serra Azul , numa família de lavradores e trabalhadores braçais.

Ela só foi conhecer a luz elétrica quando se mudou para Belo Horizonte, aos 17 anos, em busca de emprego e mais oportunidades de estudo.

Após se mudar, conseguiu uma vaga de empregada doméstica. Durante meses, dormiu num ponto de ônibus por não ter onde morar.

Ao procurar um curso preparatório para concursos e se ver impossibilitada de pagar a cara mensalidade, percebeu que algumas apostilas do curso, impressas naquela época em mimeógrafo, eram descartadas no lixo.

Foi com essas apostilas descartadas que Antônia estudou, fez o concurso e foi aprovada como oficial de justiça. Começava assim sua vida profissional junto ao poder judiciário.

A história de Antônia foi enredo para a série “A Origem da Inspiração“, que é composta por cinco curtas com dois minutos de duração cada. Os vídeos mostram histórias de superação e inspiração, servindo de lição a todos que encontram empecílhos para que tomem o destino em suas mãos.

7-Rolando Valcir Spanhol
Ex-borracheiro

E a mais recente história que ganhou a mídia foi o juiz federal Rolando Valcir Spanholo, de 38 anos. Ele morava em Sananduva, no Rio Grande do Sul com seus cinco irmãos e seus pais. Todos trabalhavam juntos consertando pneus e lavando carros para sustentar a família.

Todos os irmãos cursaram a mesma faculdade de direito, que ficava próximo a casa da família. Para que isso fosse possível, precisaram aprender a costurar cortinas e edredons para vender e pagar as mensalidades.

Contam os irmãos que, para não passar vergonha de repetir as mesmas roupas todos os dias, trocavam entre si para poder diversificar.

Rolando depois começou a trabalhar com vendas, o que fez com que ele não conseguisse se dedicar integralmente à faculdade e pegar alguns exames. Quando terminou o curso, já casado, resolveu se entregar de cabeça aos concursos e ficou durante quatro anos prestando todas as provas possíveis.

Rolando estudou tanto que acumulou 200 kg em papel das matérias. Além de estudar a matéria necessária para passar, o juiz também analisava a vida de pessoas que já tinham sido aprovadas.

Depois de tanto insistir, foi aprovado e ficou entre os 60 primeiros para a vaga de Juiz no Tribunal Regional Federal da 1ª Região.






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