A maioria de nós já teve muitos amores. Paixões. Interesses e desejos. Mas só com o passar dos anos e com a maturidade adquirida, vimos a entender o que é de fato o amor verdadeiro.
Nossos primeiros amores tem seu início lá na infância, inocentes, sem entender ao certo o significado do amor entre duas pessoas. Já na adolescência, perde-se a inocência, dando lugar aos novos desejos e descobertas.
Busca-se a ardência, as aventuras e o amor eterno “a la” Romeu e Julieta. Acreditamos que o amor é para sempre e inabalável. De certa forma, levamos conosco os resquícios da falta de malícia de menino e de menina. Quebra-se a cara algumas ou muitas vezes. Aprende-se a dor da traição, do ciúme, da insegurança, da possessividade, às vezes da falta de respeito e tanto mais.
Com o passar das experiências, vamos entendendo o que funciona e o que nem de longe interessa. Conhecemos várias pessoas em fases diferentes, de seus próprios momentos e também dos nossos. Parece que durante uma vida, há momentos para todo tipo de amor, dos mais exagerados e intensos, aos mais rápidos e superficiais. O “amor” acontece de acordo com cada fase da vida.
Passamos uma vida inteira em busca do que acreditamos ser o grande amor de nossas vidas, ou ainda, o amor mais verdadeiro possível. Ocorrem as paqueras, o moderno “ficar”, os namoros, noivados, casamentos, divórcios e os tantos recomeços de um ciclo, que muitas vezes, não acaba.
Fato é que o amor que nos chega, sempre é o que está de acordo com o que somos naquele instante. Se ainda vivo na imaturidade e inconsequência, é assim que também exercerei um amor. Se me sinto insegura, também desta forma será o meu relacionamento, baseado em minhas próprias inseguranças, quer eu tenha consciência disto ou não.
Se vivo a vida de maneira superficial e sem compromisso, assim também será a forma como me relaciono. O amor que vivemos é simplesmente um reflexo do que somos num determinado momento.
Por isso quando olhamos para trás, podemos perceber os diferentes tipos de relacionamentos que vivemos. Cada um deles reflete uma fase de nossas vidas, de quem um dia fomos, em tantas diferentes situações. Para cada maturidade, um tipo diferente de amor.
Há os que amam servindo o outro, como também existem os que amam esperando serem servidos. E felizmente ocorre o amor entre os que ambos querem agradar um ao outro. E depois de muito tempo vivido e amadurecido, há então os que amam sem esperar nada em troca, amam com a liberdade do outro ser o que bem quiser, junto ou longe de si.
Leva-se anos para encontrar o verdadeiro amor, porque também leva-se anos para adquirir o verdadeiro amor próprio. Muito se fala sobre o amar a si mesmo, sentimento que é confundido com soberba autoestima.
Amor próprio de verdade é o aceitar-se como se é, com todos os defeitos, falhas e passado que se carrega. É poder olhar no espelho e para a própria vida e viver da melhor forma, sem lamentações e julgamentos.
Como atraímos para nossas vidas sempre um reflexo do que somos, só assim o amor verdadeiro também chega. E talvez fique ou não. E o não ficar também faz parte da verdade deste amor. Quando me aceito, me amo, aceitando a vida exatamente como ela é e como ela acontece, também aceito que um grande amor vá embora.
Aceito que este amor seja feliz em outro lugar e com outro alguém. Quando amo de verdade, só espero que meu amor seja feliz. É tão real a minha intenção, que assim me permito que um novo amor chegue. E que este talvez agora fique ao meu lado.
O amor verdadeiro é livre, respeita, ama sem esperar nada em troca. Sofre de saudade sim, mas acima de tudo, ama.
Se sabe que se encontrou um amor verdadeiro, ao mesmo tempo em que se encontrou o verdadeiro amor por si mesmo.
O amor verdadeiro é aquele que se satisfaz com a felicidade do outro, tal qual uma mãe abre mão da presença de seu filho, para que o mesmo seja feliz distante de suas asas. Vive o sofrer da saudade, mas a satisfação do ser amado estar feliz.
Quando atinjo finalmente este nível de liberdade em minha maneira de amar, todo e qualquer amor será verdadeiro. Nem todos serão vividos reciprocamente, mas dentro de mim serão verdadeiros.
Quando amo, deixo livre. E se o outro de forma igual ama, fica.