9 filmes da Netflix para quem adora desvendar a mente humana

Por Conti Outra

Gosta de Cisne Negro, Um Estranho no Ninho, O Lado Bom da Vida, Amnésia, Um Método Perigoso e Tempo de Despertar? Então são grandes as chances de você gostar de algum dos títulos abaixo:

À Procura (The Captive)

Atom Egoyan – Canadá, 2014

O diretor egípcio naturalizado canadense Atom Egoyan é bastante interessado nos mistérios humanos. Em O Doce Amanhã (1997), ganhador do Prêmio Especial do Júri no Festival de Cannes, ele mostra os efeitos de futuro comprometido de uma comunidade quando crianças morrem em um ônibus escolar. À Procura também vai falar da infância, mas de uma infância subtraída. A filha de Matthew (Ryan Reynolds) e Tina (a fantástica Mireille Enos, da série The Killing) desaparece. Mais tarde, descobrimos que ela foi sequestrada por uma rede de pedofilia online. Sabemos quem é a vítima e sabemos quem são os criminosos. O perturbador deste filme é a tortura mental que um dos sequestradores (Kevin Durand, em uma atuação assustadora) faz nos pais e na vítima. Egoyan usa esta narrativa para discutir nossa relação com o voyeurismo e com a internet.

Tower

Keith Maitland – EUA, 2016

Tiroteios em massa têm uma alarmante recorrência nos EUA, e o massacre de Columbine, em 1999, costuma ser usado como referência para tragédias assim. O impressionante documentário Tower dá um salto no passado para contextualizar um presente de muita perplexidade. Em 1966, um atirador na Universidade do Texas matou 16 pessoas e feriu 33. Para recriar os depoimentos coletados com mais de cem testemunhas, o diretor Keith Maitland usa a animação como linguagem. Sem apelo ao sensacionalismo, o filme foca nas vítimas e evita a armadilha de exaltar o atirador. A emoção vem de se falar sobre o assunto – para alguns dos sobreviventes, o reencontro com a situação traumatizante por meio do documentário foi fundamental para se reconhecer a dor do momento e expressá-la, mesmo depois de algumas décadas.

Nise: O Coração da Loucura

Roberto Berliner – Brasil, 2016

Trailer de "Nise – O coração da loucura"

Gloriosas e Gloriosos, dia 21/4 estreia "Nise – O coração da loucura", meu mais recente filme, que estamos lançando aqui para vocês com EXCLUSIVIDADE!! É uma obra que narra a vida da Dra. Nise da Silveira, que revolucionou os tratamentos psiquiátricos inserindo práticas mais humanas, baseadas na arte e na liberdade criativa dos seus pacientes. É um filme lindo, emocionante, muito bem feito e incrivelmente atual, quando estamos discutindo a questão da saúde mental no país!! Espero que vocês gostem tanto de ver, assim como eu amei fazer!! #niseofilme

Publicado por Gloria Pires em Segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A fronteira entre loucos e sãos permanece embaralhada, com contornos trazidos de acordo com a conveniência, principalmente se o objetivo for a exclusão de alguém que é diferente. A psiquiatra alagoana Nise da Silveira foi pioneira e revolucionária ao propor um tratamento humanizado de pacientes psiquiátricos, trazendo novas perspectivas a partir da arte. Faltava um filme que levasse a dimensão do seu trabalho ao conhecimento de mais pessoas, e Nise de fato consegue essa divulgação de forma bastante sensível, com Gloria Pires interpretando a alagoana. “Ninguém suporta pessoas que dão respostas inadequadas para as solicitações da vida. Queremos elas o mais longe possível”, lamentou o diretor, Roberto Berliner, em entrevista ao HuffPost Brasil durante o lançamento do filme. Durante as quase duas horas da cinebiografia de Nise, a loucura deixa de ocupar seu lugar marginal.

Se Enlouquecer Não se Apaixone (It’s Kind of a Funny Story)

Anna Boden e Ryan Fleck – EUA, 2010

Este belo filme mostra como o suicídio pode levar à redescoberta do desejo de viver. Craig é um adolescente com depressão que não encontra saída para seu sofrimento e resolve buscar ajuda em um hospital psiquiátrico. Como os EUA tanto gostam, essa é uma comovente história de segunda chance, mas sem as pieguices costumeiras. Viola Davis e Lauren Graham (a eterna Lorelai, de Gilmore Girls) têm atuações pequenas, mas bastante notáveis. Além disso, há uma maravilhosa cena ao som do clássico Under Pressure. O filme é baseado no livro homônimo de Ned Vizzini, que passou por uma internação psiquiátrica para tratar da depressão. Lançada em 2006, a publicação foi bastante elogiada por público e crítica.

Dançando em Silêncio (Dancing Quietly)

Philipp Eichholtz – Alemanha, 2017

Neste filme bastante despretensioso, acompanhamos alguns dias da vida de Luca, uma jovem que está superando uma depressão que a abalou por anos. A moça traz humor, apatia e melancolia em medidas variadas, com uma interpretação graciosa de Martina Schöne-Radunski. É um filme sobre superação, mas sem os fogos de artifício e a superficialidade que comumente eclipsam o doloroso e particular processo de lidar com o sofrimento.

The Mask You Live In

Jennifer Siebel Newsom – EUA, 2015

Que preconceitos, repressões e crueldades se escondem por trás das palavras de ordem “seja um homem”? Este documentário aborda frontalmente os prejuízos de uma cultura que não permite que os homens lidem com suas fraquezas e vulnerabilidades em nome de uma “assegurada masculinidade”. Depoimentos de crianças, adolescentes, atletas e detentos dialogam com reflexões propostas por diferentes profissionais, de técnicos de times a psicólogos. O filme se propõe a criticar a sociedade norte-americana, mas sabemos que a análise serve bem aos brasileiros. É um pungente retrato sobre emoções represadas e as dolorosas consequências disso.

Quando te Conheci (Equals)

Drake Doremus – EUA, 2015

https://youtu.be/q5-3uoxTw5k

Nesta distopia, as pessoas convivem pacificamente e supostamente não têm necessidades em um mundo completamente igualitário. As emoções são banidas e consideradas uma doença sem cura. Mas esse arranjo visivelmente purista fica completamente abalado quando Nia (Kristen Stewart) e Silas (Nicholas Hoult) descobrem o amor. O amor proibido é um tema super-explorado no cinema, mas as sutilezas neste filme o diferenciam e se encarregam de nos dar uma experiência tão amarga quanto bonita.

Conspiração e Poder (Truth)

James Vanderbilt – EUA, 2015

Nada como o poder para revelar os limites – e a ausência deles – nos seres humanos. Baseado em fatos reais, o filme conta os bastidores de uma denúncia jornalística contra o ex-presidente George W. Bush durante a campanha de reeleição, em 2004. Assim que a reportagem é divulgada, opositores começam a questionar sua veracidade. Em tempos de pós-verdade, a credibilidade nas informações é praticamente um verbete nostálgico. Há uma fala de Mary Mapes (brilhantemente interpretada por Cate Blanchett) que define bastante os humores atuais: quando a verdade se revela insuportável e sem sentido, preferimos a ficção.

The Fundamentals of Caring

Rob Burnett – EUA, 2016

Paul Rudd é cuidador de um garoto com deficiência que percebe que o trabalho pouco tem a ver com empatia gratuita. O convívio entre os dois deixa dúvidas quanto a quem precisa de cuidados, e aí você já sabe que o cinema independente americano vai retomar uma de suas narrativas favoritas, a da segunda chance. Um ponto alto é que o filme é comovente sem pieguice ou condescendência.

Fonte:Conti Outra






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