VOCÊ TEM PAZ DENTRO DE SI PARA AGUENTAR A SOLIDÃO?

Fabrício Carpinejar

As pessoas só estão preparadas emocionalmente para passar um final de semana em casa. Talvez nem isso.

Nossa movimentação é construída para a rua. Ficar em casa tornou-se sinônimo de cansaço, uma desistência.

Ficar em casa é quase como uma tristeza, quando não resta forças para se divertir lá fora. O lar significa tão somente um dormitório, um local de passagem.

Quando alguém diz que não saiu pede desculpa por não ter vivido.

Habituamo-nos a almoçar fora perto do trabalho, a frequentar bares e baladas, a confraternizações, a passeios em shopping, ao lazer do sol. A felicidade está concentrada nos espaços externos.

Com a epidemia do Coronavírus e o isolamento coletivo forçado, todo mundo terá que enfrentar a própria solidão e decifrar quando tempo consegue ficar com os seus pensamentos.

Será um teste de resistência para a ansiedade. Poucos aguentarão. A maioria entrará em pânico com os limites das paredes e dos novos hábitos. As doenças de nervos aumentarão exponencialmente.

Unicamente terá paz quem já gostava de permanecer sozinho, que cultivava passatempos, que se importava com os caprichos domésticos, que sabia ler um livro, assistir a um filme, produzir de forma independente, sem a necessidade de aparecer e interagir presencialmente para se sentir útil.

A ostentação das redes sociais cairá também drasticamente, desprovida de pratos exóticos, de lugares maravilhosos, de praias e pontos turísticos. Ou os perfis aceitarão o inevitável despojamento ou vão se socorrer eternamente de TBTs.

Será um choque de comportamento como nunca aconteceu.

Haverá o reencontro com a família, cada um verá se realmente conhece os filhos, o marido, a esposa, tendo que lidar com problemas de convivência que antes fazia vista grossa. Não existirá como fugir da verdade e correr batendo à porta para evitar assuntos polêmicos.

Sem escolas, sem escritórios funcionando, com o comércio paralisado, as conversas não poderão mais ser adiadas. Desvendará se era mesmo feliz com a vida que levava ou mantinha uma triste e automática aparência.






Sobre a inteligência, a força e a beleza feminina.