Não confunda “aceitar” com “compreender”

Por Marla de Queiroz

A gente não precisa do reconhecimento do Outro para saber o valor que temos. Podemos compreender uma situação e não aceitar uma atitude. Podemos julgar um comportamento sem desvalorizar, por inteiro, a pessoa que o exerceu.

Que cada um se responsabilize pelas suas mazelas e que administre a sua raiva ou irritabilidade. Não precisamos de plateia e nem de ser plateia do que é cáustico. Entupir-se de citações de espiritualistas e filósofos não nos faz mais sábios. As nossas atitudes denunciam o que apreendemos verdadeiramente.

O que nos faz mais sábios é o nosso comportamento: quando genuinamente amoroso. Mude seu discurso se você não consegue incorporá-lo. Não cobre do Outro o que não é capaz de fazer e nem se deixe ser cobrado. Seja honesto consigo, viva a transparência por pura leveza de Consciência.

Não sejamos inescrupulosos agindo de maneira conveniente com quem não nos espelha e descontando nossos desconfortos em quem nos ama e apoia; em quem achamos que não se afastará de nós por pura compreensão.

E não aceite, embora possa compreender, um problema que não é seu. Não se torne o problema que o Outro criou para vocês. Separe as coisas: investigue-se, reflita, seja atencioso com a sua conduta.

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E reconheça se estiver errado. Mas devolva, mentalmente, quaisquer atitudes que o fizerem se sentir menor. Esteja ao seu lado para crescer ou ajudar a quem quiser sua ajuda.

Cresça com esta ajuda sem se regozijar por tê-la dado. Esteja em consonância com o que acredita e, tente acreditar no melhor: se permita.






Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas, minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos. Eu caminho, desequilibrada, em cima de uma linha tênue entre a lucidez e a loucura. De ter amigos eu gosto porque preciso de ajuda pra sentir, embora quem se relacione comigo saiba que é por conta-própria e auto-risco. O que tenho de mais obscuro, é o que me ilumina. E a minha lucidez é que é perigosa. Marla de Queiroz