‘O trabalho está matando as pessoas e ninguém se importa’, diz professor de Stanford

Ambientes tóxicos de trabalho são tão perigosos para a saúde quanto o fumo
passivo, argumenta Jeffrey Pfeffer, professor da Stanford Graduate School of
Business, em seu último livro, “Dying for a Paycheck”. (“Morrendo por um
salário”)

Um gigante de bolsa de negócios, Pfeffer leciona um dos cursos mais
populares de Stanford, sobre política de escritório e poder. Seus primeiros
trabalhos analisaram o design organizacional e como ele reduziu a
produtividade dos funcionários em vez de aprimorá-los. Seu livro anterior, em
2015, “Leadership BS”, examin Pfefferou a lacuna entre o que as empresas
dizem e como agem. Ele reprisa esses temas em seu mais recente trabalho,
trazendo uma grande quantidade de dados originais para apresentar seu argumento.

“O trabalho prejudica os funcionários de duas maneiras fundamentais”, afirma o
professor, ” se você tiver seguro de saúde, quanto vai pagar e quem vai cuidar
de você. Gallup relata que 33% das pessoas disseram que tiveram que
renunciar a uma receita ou consultar um médico durante o ano anterior por
causa do custo.”

Outra forma pela qual o trabalhador é prejudicado, segundo Jeffrey, se dá pelas
condições oferecidas pelo empregador, que induzem ao estresse: conflitos
entre trabalho e família, longas horas de trabalho, ausência de controle sobre o
ambiente de trabalho e insegurança econômica. O estresse torna as pessoas
doentes diretamente e induzindo comportamentos individuais insalubres, como
fumar, beber e comer demais.

“O trabalho tem se tornado desumano. Por um lado, as empresas
desconsideram a responsabilidade que eles têm com seus empregados. Mas
também há insegurança entre os trabalhadores informais, contingente que vem
crescendo nos últimos anos.”

A esse fenômeno Jeffrey responsabiliza a inversão de prioridades
desenvolvida pelas empresas nas últimas décadas, que priorizam os
acionistas em detrimento dos trabalhadores, desviando-se do que diziam nos
anos 50 e 60, quando se achava importante equacionar, por igual, os
interesses de todos: funcionários, clientes e acionistas.

Em seu livro mais recente, Jeffrey Pfeffer aponta o estress dos ambientes de
trabalho como a quinta causa de mortes nos EUA e, quando perguntado sobre
essa afirmação, ele a sustenta e responsabiliza os empregadores por essas
mortes.

Em entrevista à BBC, perguntado sobre o papel da política nisso tudo, o
professor responde:

“Tem um papel enorme. Temos que fazer algo para diminuir esses feitos. Mas
não somos capazes de fazer nada em um nível individual. Se quisermos
resolver o problema de maneira sistêmica, será preciso uma intervenção
sistêmica a partir de algum tipo de regulação.”

Jeffrey assume que os diretores da empresas se omitem da responsabilidade,
embora reconheçam que o problema exista, talvez por não entender como
sendo atribuíção da empresa cuidar da saúde e bem estar dos empregados.
Segundo ele, isso se constitui num grande erro, porque um funcionário que
desenvolve problemas de saúde não tem como render o que renderia, além de
ser uma das causas de pedidos de demissão.

Para o professor, os trabalhadores precisam assumir a responsabilidade de
cuidar de sua própria saúde. “Se você não consegue equilibrar seu trabalho e
sua vida pessoal, é melhor sair e procurar outro emprego.”

A entrevista completa com Jeffrey Pfeffer você pode ler no site da BBC

Via:Pensar contemporâneo






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