A gente não se apaixona pelo real, mas pelo nosso imaginário

Por Anieli Talon

A gente não se apaixona pelo real, mas pelo nosso imaginário. Fugimos na realidade e nos envolvemos com as nossas próprias projeções e criamos uma ideia de pessoa, de relação, de ambiente baseado naquilo que criamos em nosso ideal.

Na verdade, é assim que acontece: temos um olhar individual para as coisas, pessoas e situações, e elas passam pelo nosso julgamento, interpretação e olhar e nesse resultado, definimos o que é bom pra nós, traduzimos o que estamos vivendo, que tipo de pessoa estamos lidando, situação vivenciando e o onde isso pode levar.

Criamos toda uma fantasia baseada em fatos, aspectos e características daquilo que interagimos sem dar oportunidade de observar e compreender as reais motivações e experiência.

Por vezes, o véu desta ilusão cai e nos vemos presos numa armadilha que nós mesmo criamos. Idealizamos a relação, o parceiro, acreditamos que tudo era de uma forma e de repente se revelou de outra.

Na verdade, temos a triste mania de inventar pessoas, de buscar encaixes por meio de máscaras, de se adaptar ao outro e acreditar no ideal do que sentir a maré, respirar, compreender, ouvir mais e olhar as relações com mais verdade.

Claro que é natural a idealização. Projetamos a vida baseado nas nossas criações, referencias, experiências, traumas, memórias, emoções, percepções… Cada olhar é individual – o que é bom pra mim pode não ser para você. Aquilo que sentimos é a interpretação do que o nosso corpo e mente oferece e assim temos uma experiência subjetiva da vida.

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Mas em meio a essas reações químicas e transformações, é bom parar e observar, sentir, ser… Abrir o campo de percepção… Criar a expectativa nos torna refém de uma realidade. Ouvi uma vez que expectativa é a mãe da frustração, devo concordar.

Chega então um momento da vida que carregamos bagagem suficiente para compreender quem sim que não, quem nunca. Atentar aos sinais é sinal de maturidade e isso requer presença.

A intuição é nossa mestra, é a voz do coração. Não negligencie este poder interno. A arrogância de permanecer em situações por falso romantismo pode te deixar preso a situações desconfortáveis e te tornar ainda mais impotente.

Idealizar juntos é uma coisa, sozinho pode ser arriscado. Dois universos que não se entendem não podem conviver no mesmo espaço.

Gostamos de viver histórias de amor, buscamos isso para a vida – a saga do amor – mas não devemos forçar sua existência por meio das carências e do medo de viver sozinho.

A solitude é essencial para a construção do verdadeiro eu. Ela traz mais verdades que ilusões. Quando se entra numa relação partindo da solitude, as ilusões são menos constantes e a verdade será sempre um requisito.

Buscar sempre o que é de verdade permitindo o livre expressar e a livre escolha de quem vem para interagir com nosso espaço sagrado.

Crédito de capa: Kellepics






É jornalista, atriz e tem a comunicação como aliada. Escritora por natureza, tem mania de preencher folhas brancas com textos contagiados por suas inspirações.