Uma reflexão sobre a importância de se cobrar menos e se valorizar mais

Por: Bruna Cosenza

Como cansa viver com a sensação de não ser bom o suficiente, não é mesmo? Quis terminar o ano abordando esse tema porque acredito que muita gente viva com esse mesmo sentimento, afinal a autocobrança está sempre aí, batendo à porta.

A reflexão sobre o assunto me pegou de jeito, porque mesmo tendo conquistado tantas coisas incríveis em 2019, em alguns momentos, eu me peguei pensando em como poderia ter sido melhor em alguns aspectos. Realmente, sempre poderia ser melhor. Aquele cliente que não fechou o job e o dinheiro não entrou ou aquele projeto que poderia estar melhor encaminhado. Ficamos ruminando tudo isso, dia e noite, e nos cobrando por não ter feito mais, sido mais.

Há espaço para celebrações?

Foi num dia desses, enquanto me questionava se o que tinha conquistado em 2019 era suficiente, que alguém me disse: “Celebre as pequenas conquistas, viva esse momento!” Sei lá, pode parecer bobo, mas ouvir isso foi importante.

Realmente, eu estava perdendo a celebração de tudo o que conquistei até hoje por conta de preocupações com o amanhã. Será que vou ter dinheiro suficiente? Será que vou conseguir clientes legais? Será que vou terminar de escrever aquele livro? Será que meus projetos vão ganhar vida? Será que as pessoas vão gostar? É tanto “será”, que fica difícil mesmo celebrar o que está acontecendo hoje.

E isso não quer dizer que a gente não deva se preocupar com o que vem em seguida, mas preocupações em excesso fazem com que deixemos passar a beleza de viver o que está rolando agora, neste instante.

O peso da autocobrança

É tanta autocobrança que, se a gente não se tocar logo de que há algo de errado, a vida fica muito pesada. Afinal, adianta se dedicar tanto a conquistar o que desejamos se, quando chega a hora de celebrar, continuamos nos cobrando ainda mais? Qual é a graça de viver assim?

Bom, mas quem dera fosse simples eliminar tanta autocobrança de nossos dias. Vou lhe contar que, por aqui, não tem sido fácil (e imagino que por aí também não). Mesmo sem querer, a gente se deixa levar por comparações com quem já está lá na frente, e acha que está no fim da fila, comendo poeira. E se pergunta: poxa, e tudo o que eu fiz para chegar até aqui não conta?

Ô se conta… Mas a gente se esquece disso nessas horas. Fica meio obcecado em observar o outro e acreditar que ele está vivendo em um paraíso distante. A verdade, no entanto, é que enquanto se pensa isso, o outro está lá se cobrando tanto quanto você.

A coragem de se mostrar vulnerável

Para completar, é muito comum não querer demonstrar todas as suas fraquezas e medos para o mundo. Nas redes sociais, a gente é forte, decidido, bem-sucedido. Quantos posts você vê por dia que falam sobre fracassos, tristezas, angústias, medos? Eu não costumo ver muitos.

A gente tem medo de demonstrar a própria vulnerabilidade. Como se não bastasse essa sensação constante de não ser bom o suficiente, ainda é preciso esconder isso do mundo. Foi o que disseram (ou o que demonstraram, sei lá).

Eu sou frágil, assim com você que está lendo esse texto agora. Todos nós sentimos que não somos suficientemente bons em algum momento. E acho que, nessas horas, precisamos de alguém ao nosso lado que nos lembre de que somos sim, e se não houver alguém para lembrá-lo, seremos nós mesmos.

Primeiro, é necessário coragem para aceitar que você não é perfeito e sempre terá como melhorar e evoluir. Segundo, é preciso entender que a vida não é uma corrida. Você não precisa se comparar com os outros o tempo todo, pois a sua vida vai acontecer no seu tempo.

Pouco importa se fulano ganhou muito dinheiro e tem prestígio antes dos 30 [anos]. Você não é fulano. Bom para ele, mas o seu caminho será outro – nem pior nem melhor, apenas seu.

E, por último, não tenha medo de mostrar as suas imperfeições para o mundo. No fundo, as pessoas gostam mesmo é de quem é verdadeiro e tem coragem de falar sobre todos esses medos que estão na sua cabeça (tenha certeza de que eles não são apenas seus).

Cansa muito ver todo mundo celebrando o tempo todo, né? Às vezes, parece que você é o único tonto que não está se sentindo um grande vencedor. Que nada! Acredite em mim quando eu digo que, por trás de posts e fotos com sorrisos, muitas vezes existe um coração tão aflito quanto o seu.

Como começar o ano acreditando que você é bom o suficiente

Um dia, uma pessoa me contou que costumava fazer uma espécie de desenho para visualizar as suas conquistas do ano, até chegou a me mostrar o último – lindo e todo colorido, como um grande mapa, representando vários momentos importantes, mudanças, celebrações.

Desde então estou para fazer isso também, porque me parece uma forma muito interessante de se criar uma retrospectiva do ano e lembrar como evoluiu. É meio louco pensar em quantas coisas acontecem em 365 dias, não é mesmo?

O que rolou em janeiro pode parecer muito pequeno agora mas, na hora, tinha uma dimensão enorme. E foram todos os fatos encadeados que o fizeram chegar até aqui. Quando você desenha tudo isso, é mais fácil de visualizar quantas coisas aconteceram. Penso que escrever também pode ser uma boa, talvez uma espécie de “texto retrospectiva”, no qual você conta sobre tudo o que viveu e sentiu.

Além de serem maneiras muito interessantes de valorizar mais o que foi feito, é uma forma de olhar para o futuro com mais otimismo e menos autocobrança. Veja tudo o que você fez e como foi capaz de chegar até aqui, agora é a hora de começar a traçar planos ou tirar aqueles antigos do papel.

Espero, do fundo do meu coração, que todos nós tenhamos um olhar mais cuidadoso e carinhoso com nós mesmos, em 2020. Costumo começar o ano muito esperançosa e acho que hoje, mais do que nunca, tenho motivos para acreditar que os meus sonhos e planos vão se tornar realidade.

Espero que essa sensação esteja com vocês também e, juntos, possamos ser a melhor versão de nós mesmos.






Sobre a inteligência, a força e a beleza feminina.