
Estudo pioneiro identifica hábitos que podem prevenir até 63% das paradas cardíacas súbitas
A parada cardíaca súbita (PCS) é uma emergência médica grave e uma das principais causas de morte no mundo. Durante o evento, uma falha elétrica faz o coração parar de bater abruptamente, interrompendo o fluxo de sangue para o cérebro e outros órgãos vitais. Fora do hospital, a taxa de sobrevivência é inferior a 10%, o que torna fundamental a prevenção.
Um estudo inovador, publicado na revista Canadian Journal of Cardiology, identificou 56 fatores comportamentais e ambientais ajustáveis que impactam o risco de PCS. Os dados analisados vieram do UK Biobank, um banco biomédico com informações de mais de 500 mil participantes acompanhados por quase 14 anos.
Fatores não clínicos: o que podemos mudar para prevenir a PCS
A pesquisa revelou que a melhoria desses fatores, que não dependem apenas de genética ou doenças instaladas, poderia prevenir até 63% dos casos de parada cardíaca súbita. Entre esses fatores estão hábitos de vida, exposição ambiental, saúde mental e até consumo alimentar.
De acordo com Huihuan Luo, primeira autora do estudo e pesquisadora da Universidade Fudan, na China, “estudos anteriores focaram em poucos fatores, mas nós analisamos múltiplos elementos ambientais e comportamentais simultaneamente, cruzando dados genéticos para avaliar relações causais”.
Eliminando o terço pior dos fatores de risco, seria possível evitar 40% dos casos. Ao melhorar dois terços, a prevenção pode chegar a 63%. Os hábitos de vida foram os que apresentaram maior impacto, com 13% a 18% dos casos evitáveis.
O que aumenta e o que protege contra a parada cardíaca súbita?
O estudo destacou nove fatores que têm relação direta com o risco de PCS. Entre os que elevam o risco estão:
- Sentimentos de desânimo
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Índice de massa corporal elevado
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Maior percentual de gordura no braço
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Pressão arterial alta
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Menor nível educacional
Já entre os fatores protetores, que ajudam a reduzir o risco, aparecem:
- Maior consumo de champanhe e vinho branco
- Maior ingestão de frutas
- Humor positivo
- Controle do peso e da pressão arterial
- Melhor nível educacional
Vinho branco e champanhe podem ajudar?
O cardiologista brasileiro Marcelo Bergamo, que não participou do estudo, explica que o possível efeito protetor dessas bebidas pode estar relacionado à presença de compostos antioxidantes, como os polifenóis, que beneficiam a saúde dos vasos sanguíneos.
Mas ele alerta: “O álcool não deve ser encarado como tratamento preventivo. A melhor forma de proteger o coração ainda é a combinação de boa alimentação, controle de doenças como hipertensão e diabetes, atividade física regular e acompanhamento médico”.